Talvez você já tenha escutado o nome “Dmitri Mendeleev” em suas aulas de química no Ensino Médio, sendo ele, citado como um dos criadores da tabela periódica.
Sua ideia “revolucionária” foi perceber a periodicidade de propriedades de acordo com a massa atômica. Além disso, foi capaz de prever que haveriam mais elementos a serem descobertos e estimava algumas de suas propriedades. Utilizou a ideia de valência para resolver um quebra-cabeça que tornaria a vida dos cientistas mais fácil.
A tabela periódica é uma poderosa ferramenta que sintetiza diversas informações, como as reatividades semelhantes nas famílias e nos blocos. E há diversas propriedades que aumentam e diminuem intensidades em um período ou família.
Mas hoje, o tema em foco é a história desse cientista, pelo menos uma parte dessa história!
Mendeleev, nascido em Tobolsk na Sibéria, foi o último de mais de 14 irmãos (a quantidade é incerta). Ele terminou o ginásio, equivalente ao Ensino Médio, com 15 anos e era excelente em matemática e ciências naturais, mas não tão bom assim em linguagens. Ou seja, Mendeleev era “de exatas”.
O pai de Dmitri, Ivan, era professor e diretor do ginásio de Tobolsk, de forma que os Mendeleev 's tinham conforto. Porém, Ivan adquiriu catarata e ficou cego portanto, teve que se operar. A operação foi bem sucedida, mas o diretor teve que se retirar do seu cargo e passou a receber uma quantia insuficiente para se manter.
A família de Maria, mãe de Dmitri, possuía uma exitosa fábrica de vidros, a qual Maria tentou administrar após a cirurgia do Marido. Mas a fábrica sofreu um incêndio e pouco depois, Ivan morreu.
Maria enxergou potencial em seu filho caçula, queria vê-lo em uma universidade de renome. E, então, utilizou seus recursos para começar uma extensa jornada. Uma viagem de Tobolsk até Moscou com seus dois filhos mais novos: Dmitri e Liza. Como não havia estradas ferroviárias na Rússia da época, o transporte era difícil e há dúvidas de como foi realizado. Independente do método, andar, a cavalo, a carroça, os Mendeleev 's chegaram a Moscou.
Já no seu destino, a Universidade de Moscou não admitiu Dmitri como aluno, pois, devido a regulações, sua universidade deveria ser a mais próxima de seu colégio. Descontente com a situação, a família viajou por mais de 700km para que Dmitri tentasse ingressar na Universidade de São Petersburgo, na cidade que era capital da Rússia na época.
Em São Petersburgo, Mendeleev não foi aceito pela segunda vez, por motivo semelhante. A perseverança da mãe de Dimitri para vê-lo cursando Ensino Superior “falou” mais alto. Sua mãe e ele perseguiram outra oportunidade, na qual um colega de seu pai auxiliou o processo de admissão, no qual notas de Mendeleev nos testes foram regulares. E o menino Dmitri foi admitido na mesma Universidade que o pai curso, Instituto Pedagógico em São Petersburgo.
Maria, pouco tempo depois, morreu de tuberculose após ver seu sonho realizado. Era como se ela se sentisse realizada após tanto esforço. Como dito por Oliver Sacks em “Tio Tungstênio: memórias de uma infância química”, ela morreu de exaustão, após uma longa jornada da Sibéria até a Rússia Ocidental.
A irmã de Mendeleev foi levada pela mesma doença e, ele próprio ficou doente, sendo que os médicos o consideraram incurável. Mas Dmitri se curou e foi capaz de viver uma vida em que conquistou vários prêmios científicos e concebeu ideias para a organização dos elementos conhecidos.
Confesso que essa história é emocionante e me tirou lágrimas da primeira vez que li. É impressionante como apesar das adversidades, os seres humanos conseguem colocar tremendo esforço naquilo que acreditam e amam. Esses esforços trazem impactos não só para os mais próximos e sim para as sociedades do presente e do futuro.
Uma curiosidade
Em 2019, comemorou-se o ano internacional da tabela periódica. Foi uma homenagem aos 150 anos de publicação da tabela periódica, a qual ocorreu em 1869.
